Meteorito Aguas Zarcas: Uma Revelação Inesperada do Espaço

Uma nova pesquisa publicada na revista Meteoritics & Planetary Science apresentou um fascinante aspecto sobre o meteorito Aguas Zarcas. Pertencente à categoria dos condritos carbonáceos, essa rocha espacial passou pelo menos dois milhões de anos flutuando no espaço antes de atingir a Terra, desafiando a noção de que meteoritos dessa classe são extremamente frágeis e suscetíveis a colisões.

O Aguas Zarcas ganhou notoriedade em abril de 2019, quando atravessou a atmosfera terrestre e se fragmentou sobre a Costa Rica. Entre os destroços, um dos fragmentos surpreendentemente atingiu o telhado de uma casinha de cachorro, deixando um buraco impressionante de 18 cm. Essa inusitada “aliança” entre o céu e o cotidiano resultou em um leilão da casinha, que foi arrematada por cerca de US$50 mil. Um alívio para o pastor alemão Roky, que dormia ali e saiu ileso do incidente.

No total, foram recuperados 27 quilos de fragmentos do meteorito, o que o tornou a maior queda desse tipo desde o meteorito Murchison, que caiu na Austrália em 1969. Segundo Gerardo Soto, um geólogo da Universidade da Costa Rica, o Aguas Zarcas gerou uma repercussão sem precedentes, com 76 estudos realizados sobre ele, tornando-se um dos eventos mais significativos de meteoros na região nos últimos 150 anos.

Uma Trajetória Misteriosa

Os pesquisadores conseguiram traçar a trajetória do Aguas Zarcas até a sua relação com a Terra, utilizando uma combinação de imagens de satélites, radares e câmeras de segurança. Embora a localização da queda seja bem conhecida, determinar sua origem exata é um desafio. As evidências sugerem que o meteorito pode ter vindo do cinturão de asteroides externo, onde rochas primordiais do Sistema Solar continuam a orbitar.

Os condritos carbonáceos são reconhecidos por serem ricos em carbono e minerais hidratados, características que normalmente os tornam propensos a se desintegrar ao entrar na atmosfera. No entanto, o Aguas Zarcas apresentou uma sobrevivência surpreendente, mantendo grandes fragmentos intactos, o que indica uma resistência impressionante.

Para estimar quanto tempo a rocha esteve no espaço, os cientistas analisaram a exposição da amostra a raios cósmicos. Os resultados apontaram que o meteorito flutuou por pelo menos dois milhões de anos antes de sua entrada na atmosfera terrestre. Tal duração sem sofrer danos contradiz a ideia de que meteoritos carbonáceos se quebram com facilidade.

Kees Welten, um cosmoquímico da Universidade da Califórnia, explicou que a última colisão relevante do Aguas Zarcas ocorreu há milhões de anos, com a equipe de pesquisa utilizando elementos radioativos para determinar o tempo em que as camadas internas da rocha foram expostas ao espaço.

Desafiando Estigmas

Meteoritos semelhantes ao Aguas Zarcas, como o Murchison, também se separaram de seus respectivos asteroides há cerca de dois milhões de anos, mas a maioria deles não resistiu ao tempo da mesma forma. O Aguas Zarcas, por sua vez, apresentou uma resistência notável, até sua chegada à Terra. Os pesquisadores estimam que a rocha tinha aproximadamente 60 cm de diâmetro quando entrou na atmosfera. Peter Jenniskens, um astrônomo do Instituto SETI, destacou que o meteoro evitou ser destruído por um longo período antes de sua queda.

As novas descobertas sugerem que os condritos carbonáceos podem ser mais resistentes do que se acreditava anteriormente. O Aguas Zarcas, que é conhecido por ter o apelido de “meteorito bola de lama”, mostrou que pode, na verdade, sobreviver intacto por milhões de anos no cosmos, desafiando a percepção comum sobre sua fragilidade.

Dessa forma, a história do Aguas Zarcas não é apenas sobre uma rocha espacial que caiu na Terra, mas também representa um avanço na compreensão da resistência e da composição dos meteoritos carbonáceos. As implicações para a ciência e a exploração espacial são significativas, mostrando que o que antes era visto como uma fraqueza pode, na verdade, revelar a força desses fascinantes corpúsculos do espaço.

À medida que novos estudos sobre o Aguas Zarcas e outros meteoritos continuam a surgir, a comunidade científica está cada vez mais intrigada com as possibilidades que esses fragmentos nos oferecem sobre a formação do Sistema Solar e a história da vida na Terra.

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