Slop: A Palavra do Ano de 2025 e o Fenômeno do Excesso de Conteúdo Digital
O dicionário Merriam-Webster, um dos mais tradicionais dos Estados Unidos, elegeu “slop” como a Palavra do Ano de 2025. Este termo descreve um tipo de conteúdo digital de baixa qualidade que tem sido produzido em grande escala, frequentemente com o auxílio da inteligência artificial. Essa escolha reflete diretamente a realidade atual, onde vemos uma inundação de textos, imagens, vídeos e áudios gerados automaticamente, que acabaram dominando as redes sociais e outras plataformas online.
O conceito de “slop” identifica um fenômeno que muitas pessoas percebem, embora não consigam articular com precisão: a impressão de que a internet se tornou um espaço mais ruidoso, repetitivo e saturado de conteúdo gerado automaticamente. Ao contrário de carregar um tom apocalíptico, a palavra traz uma ironia coletiva em relação ao impacto da IA na qualidade do que consumimos na web.
O Significado de Slop e Seus Efeitos na Internet
De acordo com a definição oficial do Merriam-Webster, “slop” refere-se a conteúdo digital de baixo valor, gerado em grande quantidade com a assistência da inteligência artificial. O termo não se limita a um formato específico, mas descreve uma lógica de produção: um volume excessivo de material produzido com pouco critério e quase nenhum cuidado editorial. Isso contrasta com a expectativa de que o conteúdo deveria informar, emocionar ou provocar reflexão.
A popularização acelerada de ferramentas de IA que conseguem gerar textos, imagens, vídeos e músicas em questão de segundos contribuiu para o crescimento do “slop”. As plataformas estão cada vez mais repletas de livros escritos por máquinas, propagandas estranhas, faixas sonoras genéricas e vídeos sem sentido que, à primeira vista, parecem corretos, mas frequentemente não oferecem informações relevantes. Essa saturação de conteúdo se tornou parte da experiência diária ao navegar na internet.
Os editores do dicionário optaram por um tom sarcástico ao justificar a escolha de “slop”, comparando-o a substâncias como lama e lodo, que se espalham, grudam e que preferiríamos evitar tocar. Essa postura cética em relação à IA expressa uma crítica ao suposto encanto de que as máquinas poderiam substituir a criatividade humana de forma sofisticada.
Com o tempo, o termo “slop” evoluiu para descrever não apenas um rótulo informal, mas um modelo econômico. A chamada “slop economy” baseia-se em produzir conteúdo automatizado em massa, visando atrair cliques, visualizações e, consequentemente, receita publicitária. O foco está menos na qualidade do que é dito e mais na quantidade de material gerado. Isso levanta preocupações sobre a possível divisão da internet entre aqueles que têm acesso a conteúdos mais refinados e aqueles que são inundados por uma quantidade interminável de material descartável.
A Escolha das Palavras do Ano e o Mal-Estar Digital
A seleção de “slop” como Palavra do Ano não ocorreu de forma isolada. Em 2025, outros dicionários renomados também escolheram termos que refletem o clima cultural e digital do ano. Essas escolhas têm em comum a tentativa da linguagem de capturar o desgaste e a confusão gerados por um ambiente online cada vez mais desafiador.
A Oxford University Press, por exemplo, optou por “rage bait” como sua Palavra do Ano. Esse termo se refere a conteúdos criados especificamente para gerar indignação e raiva. A lógica segue a ideia de que emoções negativas geram maior engajamento nas redes sociais, substituindo o interesse genuíno por um ciclo incessante de irritação e polêmica.
Já o dicionário Cambridge elegeu “parassocial” como sua palavra do ano. Este adjetivo se refere a relações unilaterais em que uma pessoa sente um vínculo pessoal com alguém que na verdade não conhece. Em 2025, o conceito foi expandido para incluir interações com inteligências artificiais que imitam relacionamentos humanos, criando uma nova dinâmica social.
- As palavras “slop”, “rage bait” e “parassocial” juntas formam um retrato do momento atual. O excesso de conteúdo automático não apenas alimenta algoritmos que priorizam emoções intensas, mas também estabelece laços com figuras, humanas ou não, que carecem de uma relação recíproca genuína.
- Essas palavras vão além de meras definições; elas refletem uma internet cada vez mais automatizada e barulhenta, preocupando-se cada vez menos com a qualidade do que é produzido.
A escolha de termos como “slop” serve como uma peça para entender as tensões de 2025. Não se trata apenas do impacto da IA ou da dinâmica das redes sociais. A realidade é uma internet que prioriza a quantidade em detrimento da qualidade, e a linguagem registra essa insatisfação e desconforto crescente com o cenário digital.
O estado atual da internet é mais do que um fenômeno técnico; é uma mudança cultural que merece ser discutida e compreendida, pois, ao que tudo indica, o futuro digital irá exigir uma reflexão mais crítica sobre o que consumimos e como podemos melhorar a qualidade das interações online.



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